Novas manifestações foram convocadas nas redes sociais para este sábado em todo o país, apesar do discurso da presidente Dilma Rousseff, que prometeu um grande pacto nacional para melhorar os serviços públicos.
Dilma admitiu precisar de "formas mais eficazes de combate à corrupção" e prometeu "escutar as vozes da rua", em um comunicado à nação em rede nacional após protestos que levaram mais de um milhão de pessoas às ruas.
A presidente propôs um plano nacional de mobilidade que privilegie o transporte público, destinar 100% dos recursos dos royalties do petróleo para a educação, trazer milhares de médicos estrangeiros para ampliar o sistema de saúde e receber os líderes das manifestações pacíficas, de sindicatos, movimentos de trabalhadores e associações populares.
Ainda assim o movimento Passe Livre de São Paulo (MPL), que desencadeou o movimento de protestos contra o aumento do custo do transporte, indicou neste sábado que as manifestações irão continuar, após vários de seus porta-vozes afirmarem na sexta-feira que suspenderiam as ações.
"Não estamos suspendendo os protestos. Sempre afirmamos que a luta contra o aumento - das tarifas de ônibus- iriam continuar até a revogação. Agora que a tarifa baixou, vamos continuar a luta pela tarifa zero" anunciou em sua página no Facebook.
Vários porta-vozes disseram na sexta-feira que iriam suspender os protestos por rejeitarem a violência registrada em algumas manifestações. Eles também criticaram a virulência contra membros de partidos políticos que participaram das caminhadas.
Em Belo Horizonte, a terceira maior cidade do Brasil, foi convocada uma manifestação que pretende seguir até o estádio do Mineirão, que receberá a partida pela Copa das Confederações entre Japão e México. "A Copa para quem?", questionavam os organizadores.
A cidade prometeu um forte esquema de segurança.
Em Salvador também foi marcado um protesto coincidindo com a partida entre Brasil e Itália, embora não esteja nos planos uma ida até o estádio.
Outros protestos foram organizados em 12 cidades, incluindo Brasília e São Paulo, contra a Proposta de Emenda Constitucional 37/2011, a PEC 37, que prevê acabar com o poder de investigação do Ministério Público.
Em meio às manifestações, e ao perceber que esta questão também é levantada pelos manifestantes, que veem nesta restrição dos poderes do Ministério Público um meio para os corruptos permanecerem impunes, o Congresso decidiu, na semana passada, adiar essa votação. "Nós não queremos o adiamento, queremos o arquivamento", proclama a chamada.
Nas redes sociais começaram as reações ao discurso à nação da presidente Dilma, que prometeu trabalhar por melhores serviços e ouvir a voz das ruas. Uma das imagens postadas e replicadas era a de um homem quase dormindo: "Minha cara enquanto a Dilma fala", dizia a legenda. Outros, no entanto, elogiaram a declaração da presidente, denunciando a corrupção e reconhecendo como legítima as reivindicações dos manifestantes.
Inicialmente contra o aumento dos transportes públicos, uma medida que foi revertida em várias cidades do país após a onda de protestos, as manifestações em todo o Brasil se referem a uma reivindicação geral contra a má qualidade dos serviços públicos, a corrupção e os gastos milionários com a Copa do Mundo de 2014.
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