O governo francês pediu hoje (22) ao embaixador dos Estados Unidos no país, Charles Rivkin, garantias de que as interceptações de comunicações francesas deixaram de ser feitas, informou o Ministério dos Negócios Estrangeiros, o Quai D'Orsay, depois de novas revelações sobre espionagem americana. O embaixador foi chamado ao ministério em caráter de urgência depois de o jornal Le Monde ter noticiado, na sua página na internet, que a Agência de Segurança Nacional (NSA) fez 70,3 milhões de registros de dados e telefônicos de franceses em um período de 30 dias, entre o final de 2012 e o início de 2013.
Charles Rivkin foi recebido no Ministério de Negócios Estrangeiros por Alexandre Ziegler, chefe de gabinete do chanceler Laurent Fabius. “Recordamos [ao embaixador] que esse tipo de prática entre aliados é totalmente inaceitável e que precisamos nos assegurar que elas já não ocorrem”, disse aos jornalistas o subdiretor para a imprensa, Alexandre Giorgini.
O governo francês pediu que seja dada uma resposta concreta no prazo mais curto possível. A questão também vai ser abordada amanhã (22) pelo chefe da diplomacia francesa com o secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, em reunião que terão em Paris, antes do encontro que será realizado em Londres, entre os países Amigos da Síria e a Liga Árabe.
“O encontro entre Laurent Fabius e o seu homólogo norte-americano, amanhã (22), será essencialmente sobre a situação na Síria e as questões regionais, mas este assunto também vai ser abordado", disse Giorgini.
O embaixador americano em Paris já havia sido chamado ao Ministério dos Negócios Estrangeiros no dia 1º de julho, depois das primeiras informações sobre a espionagem da NSA na Europa. Na ocasião, a França propôs aos parceiros na União Europeia (UE) que a proteção de dados fosse integrada às negociações para um acordo de livre comércio entre a UE e os Estados Unidos. Essa proposta levou à criação de um grupo de trabalho entre as partes, em julho, que se reuniu duas vezes.
Segundo o Le Monde, que cita documentos da NSA divulgados pelo ex-consultor Edward Snowden, os principais objetivos da espionagem americana na França eram suspeitos de ligações com o terrorismo e também personalidades ligadas ao mundo empresarial e político.
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